A primeira edição de “Let it be”, dos Beatles, é uma das relíquias da coleção de Victor Coutinho, um homem que “respira música” e que guarda em casa mais de 23 mil discos, entre vinil e CD. “A música, para mim, é como o ar que respiro. Sem ela, não conseguia viver”, atira Victor Coutinho, 54 anos, empresário de ourivesaria em Viana do Castelo. A sua coleção de discos começou “por mero acaso” em 1968, quando um afilhado da avó lhe ofereceu dois singles, que ainda hoje guarda religiosamente: “World”, dos Bee Gees, e “Mighty Queen”, de Manfred Mann. “Nessa altura, nem sequer gira-discos tinha”, recorda.
Nos primeiros tempos, a coleção foi ganhando forma graças à generosidade da avó, que Victor Coutinho classifica, carinhosamente, como a “grande culpada” pelo bichinho que lhe entrou no corpo, para não mais sair.
Agora, Vítor compra discos “praticamente todos os dias”, para se manter sempre a par das últimas novidades, até porque há cerca de dois anos decidiu voltar às lides de “disc jockey”, uma actividade que já exercera na década de 70, na mítica discoteca Luziamar.
Para guardar a coleção, foi obrigado a ampliar a casa, criando uma ampla divisão, onde vinil e CD convivem lado a lado, numa harmonia perfeita.
“Este é o meu santuário. Há dias em que passo sete, oito, nove, dez horas aqui fechado, à volta da música”, confessa.
Os discos estão guardados, por ordem alfabética, em armários com cinco metros de altura, pelo que na sala Victor Coutinho tem sempre à mão uma escada para aceder ao seu espólio, que integra “verdadeiras raridades” e “autênticas pérolas”.
Só dos Beatles, que rotula como os “expoentes máximos” da música, Victor Coutinho tem mais de 800 discos, de que destaca a primeira edição de “Let it be”.
“Eu acho que, hoje em dia, nem por 5000 euros se consegue este disco. É raríssimo, por causa do livro que acompanha a edição. Vale uma autêntica fortuna”, refere.
Também do quarteto de Liverpool, Vítor detém outra raridade: um vinil de “Help”, com a concha da Shell, concebido expressamente para esta petrolífera.
Um disco de Alice Cooper embrulhado numas cuecas, exatamente como saiu para o mercado, e o “Sticky fingers” dos Rolling Stones cuja capa tem umas calças com um fecho éclair que abre e fecha de verdade, são outras das curiosidades da coleção.
Os armários de Victor Coutinho têm capacidade para uns 80 mil discos, pelo que não será por falta de espaço que a coleção deixará de continuar a crescer.
Sexta feira, Dia Mundial da Música, a coleção deverá, naturalmente, ser enriquecida com mais alguns exemplares, que Victor Coutinho nunca compra apenas um disco de cada vez e não é homem de deixar passar em branco uma efeméride que lhe é tão especial.
“A música está sempre presente no meu dia. Sem ela, acho que dava em maluco”, remata.
Fonte: Rádio Geice (01.10.2010)