Viana do Castelo vai dispor em 2011 de um submarino de guerra. Tudo não passa de uma aposta cultural do município e que já tem o aval da Marinha. O submarino Delfim vai ter assim uma última missão, depois de 40 anos de serviço em águas de todo o mundo. O interesse dos municípios nos "submarinos-museus" estende-se a Cascais, com a autarquia a já ter um princípio de acordo para ficar com o Barracuda.
Assim, a Marinha Portuguesa vai ceder à Câmara de Viana do Castelo, dentro de meses, o submarino Delfim, que agora avança para a fase de desmantelamento para depois constituir um novo pólo de visita a navios-museus, na cidade, confirmou ao DN fonte daquele ramo militar.
"Em virtude de o submarino NRP Delfim ter sido abatido ao efectivo dos navios de guerra no presente ano, está a ser reiniciado o respectivo processo de cedência, para fins museológicos, à Câmara Municipal de Viana do Castelo", explicou ao DN o comandante João Barbosa, porta-voz da Marinha.
O DN sabe que com a chegada do novo submarino à Marinha Portuguesa e o início do desmantelamento do Delfim, a Câmara de Viana do Castelo reiterou o interesse, em Setembro, junto do chefe do Estado-Maior da Armada. Nesse sentido já foram constituídas equipas técnicas entre a autarquia e a Marinha, envolvendo os próprios Estaleiros Navais de Viana do Castelo, que vão apoiar logisticamente a operação para encontrar e preparar o local de exposição do "velhinho" submarino.
"São questões que esta comissão vai agora articular, tendo nos Estaleiros Navais um apoio essencial, o que sabemos é que o queremos colocar junto à marginal, próximo de outro pólo importante que é o navio Gil Eannes", explicou José Maria Costa, presidente da autarquia.
Segundo a Marinha, seguem-se agora os trabalhos a realizar no submarino, "para o fim a que se destina" e que "decorrerão sobre a responsabilidade da Câmara, proporcionando a Marinha o apoio opera- cional que for julgado necessário e relacionado com a sua movimentação até ao destino".
À autarquia vianenses caberá ainda o pagamento de 50 mil euros à Marinha, para suportar os custos de preparação técnica e ambiental no âmbito do seu desmantelamento.
Todos os trabalhos e preparação do Delfim já estão em curso e em breve será celebrado o protocolo entre Marinha e câmara para a cedência do submarino. Nesta altura, a única dúvida consiste em decidir se o navio será exposto dentro ou fora de água.
"Depende do estudo técnico que vamos fazer e sobretudo da opinião que os Estaleiros nos vão dar sobre a localização. Há pessoas que entendem que tem maior visibilidade, da sua geometria, fora de água, outros que dizem que deve estar imerso, para se sentir a realidade do navio. Ainda vamos estudar bem isso."
Depois de retirado todo o armamento, o submarino poderá estar em condições de navegar para Viana do Castelo nos próximos meses e a sua exposição pública em 2011.
"Traduz-se na nossa aposta na cidade náutica, com o nosso ícone que é o antigo navio Gil Eannes e outros pontos de interesse que já temos. O Delfim vai reforçar o roteiro dos que nos visitam e assim permitir o acesso a pessoas que nunca pensaram em entrar num submarino", concluiu o autarca de Viana do Castelo, José Maria Costa, sublinhando a "aposta na preservação da tecnologia marítima e valorização doa assuntos ligados ao mar" que está a ser feita no município.
Fonte: Jornal Diário de Notícias (21.10.2010)
"O Delfim, um dos submarinos da classe Albacora, foi lançado pela primeira vez à água a 23 de Setembro de 1968, em Nantes, e entrou ao serviço da Armada Portuguesa a 1 de Outubro 1969 sob o comando do então Capitão Tenente Costa Monteiro.
Durante a sua longa actividade operacional navegou 44 307 horas, das quais 30 743 em imersão, tanto nos mares do Atlântico, como no Mediterrâneo, participando em vários exercícios Nacionais e NATO.
Este submarino navegou no Mediterrâneo e Oceano Atlântico tendo realizado operações típicas da Guerra Fria até 1989, passando a realizar depois desta data acções de vigilância, de recolha de informações estratégicas para o Estado Português, missões de suporte e infiltrações de Forças Especiais, de operações de apoio avançado à Força Naval, assim como participou no treino das Fragatas da luta anti-submarina e dos aviões de patrulha marítima. A participação destes meios nas missões de treino no Reino Unido garantiram a possibilidade dos navios de superfície da Armada integrarem, de forma gratuita, o treino FOST (Flag Office Sea Training) em Plymouth – UK.
É de realçar ainda, a muito elogiada participação deste submarino da Marinha Portuguesa no embargo à ex-Jugoslávia em 1993, na participação da contenção da Força Naval opositora durante esse conflito."
Texto retirado do site: http://www.marinha.pt